São advertências sobre três perigos que o Papa considera as maiores ameaças à vida cristã na atualidade
OPapa Francisco tem lançado alertas a respeito de três perigos que ele considera as maiores ameaças à vida cristã na atualidade. Em artigo publicado pelo jornal O São Paulo, da arquidiocese paulistana, o colunista Rodrigo Pedroso assim os sintetizou a partir das exortações apostólicas Evangelii gaudium (EG) e Gaudete et exsultate (GE), bem como de outros pronunciamentos de Francisco:
1 – A heresia neopelagiana
O pelagianismo é uma antiga heresia cujo nome vem de Pelágio, que a propagou. Ele negava o pecado original e seus efeitos negativos para a condição humana e ensinava que o homem pode salvar-se pelas próprias forças, apenas com seu livre arbítrio e sem a necessidade da graça de Deus. Rodrigo Pedroso observa que o pelagianismo exerceu no Ocidente o mesmo papel exercido pelo arianismo no Oriente cristão: a tentativa de destruir o sobrenatural no cristianismo (o arianismo negava a divindade de Jesus; o pelagianismo, a necessidade da graça divina para a salvação). O neopelagianismo denunciado por Francisco consiste em vivermos como se não precisássemos da graça, construindo a vida espiritual sobre as nossas próprias forças. Há inclusive quem tenha a pretensão de salvar a Igreja, desconhecendo a sua natureza sobrenatural e focando apenas em seus problemas que decorrem das pessoas que a compõem.
2 – A heresia gnóstica
O gnosticismo é a pretensão de encontrarmos a Deus mediante certos conhecimentos místicos, iniciáticos, reservados a poucos privilegiados e seriam acessíveis no interior do próprio homem. Trata-se, portanto, de um “pseudomisticismo” em que o indivíduo não busca a união com Deus mediante a caridade sobrenatural e o dom da sabedoria concedido pelo Espírito Santo, mas sim a busca orgulhosa do próprio eu, dispensando a graça e limitando-se a sofisticação do pelagianismo. O gnosticismo já era denunciado por São Paulo Apóstolo (cf. 1Tm 4,1-5) e por São João Evangelista (cf. 1Jo 4,1-6). Santo Irineu de Lião (século II) observou que essa heresia se considerava “mais verdadeira que a própria verdade”. O Francisco alerta que o gnosticismo costuma disfarçar-se de “verdade católica” (GE, 35).
3 – A ideologização da fé
Assim como o neopelagianismo na vida contemplativa descamba no gnosticismo, a ideologização da fé é o próprio neopelagianismo em plena ação, reduzindo o cristianismo a um instrumento de manipulação das consciências para obter poder e conveniências políticas. É o uso da fé para fins ideológicos e paixões partidárias, quando é a política que deveria subordinar-se à ordem moral e à identidade cristã.
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