segunda-feira, 21 de julho de 2025

IGREJA

 

Jonas e a baleia: quando ninguém escapa à vontade divina

Se existe uma narrativa fantástica na Bíblia, é a de Jonas e a baleia. Marcando a imaginação das pessoas há milênios, essa passagem bíblica é altamente simbólica e prefigura a Ressurreição de Cristo.

ABíblia relata que Jonas, filho de Amitai, recebeu um dia esta ordem divina: "Levanta-te, vai a Nínive, a grande cidade pagã, e anuncia que a sua maldade chegou até mim" (Jonas 1, 2). Mas Jonas teve medo e fugiu em direção a Társis, pensando que assim escaparia do olhar de Deus. Ele embarcou em um navio em Jope. Foi então que o Senhor lançou sobre as águas uma grande tempestade, ameaçando afundar a embarcação e sua tripulação.

O pânico logo tomou conta dos marinheiros, mesmo os mais experientes. Chegaram a orar, cada um ao seu deus, enquanto aliviavam o peso do navio, jogando a carga ao mar. Curiosamente, apenas Jonas não foi contagiado pela agitação e até dormia no porão com "um sono misterioso", relata a Bíblia. Essa atitude surpreendeu o capitão, que o acordou e o questionou:

"Que fazes aí? Dormindo? Levanta-te! Invoca o teu deus. Talvez esse deus se lembre de nós, para não perecermos. E os marinheiros diziam entre si: 'Vamos tirar a sorte para descobrir por causa de quem nos veio este mal'". Eles tiraram a sorte, e a sorte caiu sobre Jonas.

Após interrogá-lo, os marinheiros compreenderam que Jonas tentava fugir de Deus e que esse era o motivo das águas agitadas. Jonas então lhes pediu que o jogassem ao mar para acalmar a ira de Deus e, com isso, a tempestade. Somente então as ondas se acalmaram.

Engolido por um grande peixe…

Mas as extraordinárias aventuras de Jonas estavam apenas começando. O Senhor ordenou a um grande peixe, ou "dag gadol" em hebraico (a Bíblia não usa o termo "baleia", que surgiria mais tarde, ao longo das sucessivas traduções), que engolisse Jonas. Ele permaneceu nas entranhas do animal por três dias e três noites. Essa foi a oportunidade para Jonas meditar sobre seu destino, invocar seu Deus de forma comovente e dirigir a Ele uma das mais belas orações que existem (Jonas 2, 3-10):

"Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu ouviste a minha voz. Tu me lançaste nas profundezas, no coração dos mares, e a corrente me cercou; todas as tuas ondas e tuas vagas passaram sobre mim. E eu disse: 'Fui expulso de diante dos teus olhos; poderei eu tornar a ver o teu santo templo?'. As águas me envolveram até a alma, o abismo me cercou; as algas se enrolaram na minha cabeça. Desci até as raízes das montanhas; os ferrolhos da terra me prenderam para sempre. Mas tu, Senhor meu Deus, tiraste a minha vida da cova. Quando a minha alma desfalecia em mim, eu me lembrei do Senhor; e a minha oração chegou a ti, no teu santo templo. Os que servem ídolos vãos abandonam a fonte da graça. Mas eu, com um cântico de ação de graças, te oferecerei sacrifícios; cumprirei os votos que fiz. A salvação pertence ao Senhor."

Deus ouviu Jonas e ordenou ao peixe que o vomitasse em terra firme. Só então Jonas obedeceu ao Senhor e partiu para Nínive a fim de anunciar a destruição da cidade que não tinha ouvido a palavra divina.

Uma prefiguração da Ressurreição

Este episódio extraordinário da Bíblia há muito tempo intriga os estudiosos e nunca deixou de inspirar os artistas. As três noites e três dias durante os quais Jonas esteve no ventre do peixe, entre a vida e a morte, lembram o período que Cristo viveria após sua Crucificação. Passando da morte para a vida após ser expelido pelo animal, é de fato uma nova vida que espera por Jonas: uma vida exclusivamente dedicada a Deus e à mensagem que ele deveria levar aos habitantes de Nínive. O sinal de Jonas, que o próprio Jesus invocaria, pode, a partir de então, ser objeto de meditação para todo cristão.

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