Quem decide como os santos padroeiros são “designados”?
Marthe Taillée - publicado em 02/01/24
“S.Anthony, me ajude a encontrar minhas chaves!” Uma das melhores partes de ser católico é ter os santos vindo em nosso socorro? Muitos cristãos invocam a intercessão dos santos quando enfrentam provações e tribulações.
“Quando Deus nos escapa e não nos sentimos dignos de sua atenção, procuramos intermediários, que transmitam nossas intenções e que, em troca, nos transmitam a graça de Deus”, diz pe. Maximilien de la Martinière, sacerdote da Diocese de Versalhes e especialista em piedade popular. Ele continua listando outras formas possíveis de mediação, como anjos ou objetos como estátuas e medalhas, ou lugares como santuários.
Sobre o tema dos santos padroeiros, ele explica: “Dizemos a nós mesmos que quanto mais próximo este santo estiver de Deus, maiores serão as chances de ele ou ela levar até ele nossas orações. E, ao mesmo tempo, temos um carinho especial por aqueles que estão próximos de nós naquilo que nós mesmos vivemos na terra”. Isto inclui santos regionais ou locais ligados a um lugar e à sua história , santos que exerceram uma determinada profissão que partilhamos, ou santos que enfrentaram situações semelhantes à nossa.
Santos que “falam conosco”
“O que põe em movimento a devoção é a amizade com os santos: eles ‘falam connosco…’ Mas também se baseia nas experiências que tivemos (“São fulano atendeu a minha oração”) ou na tradição (“A minha avó rezou muito a este santo…”). Com o tempo, nos “familiarizamos” com os santos.
Os santos padroeiros têm sido invocados por pessoas – crentes e não crentes – desde a Idade Média. Naquela época, as guildas se reuniam pelo comércio para obter a proteção de um santo , como São Honorato para os padeiros. Outra padroeira popular é Santa Bárbara , que nasceu no século III e foi torturada pelo pai por escolher se entregar a Cristo. Seu pai foi atingido por um raio logo após decapitá-la. Essa ligação com os raios fez dela a padroeira dos armeiros, artilheiros e bombeiros .
Conexões indiretas
Às vezes, o motivo de determinado patrocínio é uma anedota atribuída a um santo muito antigo . Tais histórias, somadas a uma vida verdadeiramente edificante, têm levado a tradição popular a atribuir aos santos o patrocínio de causas específicas. Santo Antônio de Pádua, como todos sabemos, é venerado por quem perde coisas . Por que? Porque se diz que este discípulo de São Francisco recuperou milagrosamente o seu precioso saltério anotado, que lhe havia sido roubado.
Até o século XVI, a piedade popular designava numerosos santos para invocar proteção contra uma determinada praga ou doença, às vezes com base em lendas e confundindo a linha entre fé e superstição. Por exemplo, São Wilgeforte, que se diz ter vivido em Portugal no século IV, recebeu orações de esposas infelizes.
Os santos e os seus padroeiros proliferaram tanto nestas circunstâncias que em 1630 o Papa Urbano VIII decidiu regulamentar a nomeação dos santos padroeiros . “No final do século XVI, a Pontifícia Congregação para os Sacramentos foi incumbida de listar os santos e autorizar (ou não) a sua veneração. Estas funções seriam posteriormente confiadas à Congregação para as Causas dos Santos, que ainda está no comando e ratifica os mecenatos”, diz um artigo de 20 de abril de 2018 no site La Croix .
Igreja e piedade popular: um duplo movimento
A Igreja convida-nos assim a inspirar-nos na vida exemplar de santos que, como nós, viveram no meio do mundo. Na verdade, “quando se trata da devoção aos santos, a instituição eclesial e a piedade popular alimentam-se mutuamente”, pe. Maximilien resume.
“A Igreja pode propor um santo que os fiéis façam seu, como São Lucas, padroeiro dos médicos. Ou, na maioria das vezes, são as pessoas que reconhecem a santidade de alguém através de milagres, através da tradição oral… O que leva a Igreja a estudar a sua canonização”, conclui.
Por isso não hesite em pedir a intercessão destas grandes figuras da fé!
Nenhum comentário:
Postar um comentário